O primeiro passo para evitar o burnout é que os líderes estejam comprometidos com este propósito. Para isso, as empresas precisam prover oportunidades para que desenvolvam seu potencial. Só assim saberão como reduzir a pressão por uma produtividade tóxica e prover um ambiente onde a performance é sustentável.
O desenvolvimento da liderança é um fator-chave na construção de uma cultura que respeite os limites saudáveis de cada colaborador. Quando o líder consegue equilibrar sua vida pessoal e profissional, ele se torna exemplo para a equipe. Além disso, sua atitude passa a produzir um ambiente onde há motivação para colaborar em busca das melhores soluções.
No entanto, uma recente pesquisa da Mindsight constatou um fato alarmante. Nove em cada 10 pessoas relacionam burnout com lideranças que não se importam em sobrecarregar seus liderados. Oitenta e sete por cento dos 2.300 entrevistados apontam que já sofreram/sofrem com sobrecarga de tarefas repassadas por líderes de equipe.
O que impede a liderança de evitar o burnout?
“Entre os principais sinais do transtorno identificados pela pesquisa estão cansaço físico e mental constantes, ansiedade, dificuldade de concentração, baixa autoestima, mudança brusca de humor e irritabilidade em excesso.”
A pressão para uma produtividade que gera esgotamento normalmente é resultado de:
- Temer alguma punição ao definir limites,
- Uma ansiedade gerada por prazos muito mais curtos do que a equipe é capaz de atender,
- Não ter liberdade para ter intervalos de recuperação e descanso,
- Um líder que demanda disponibilidade 24 horas,
- Baixa auto-estima produzida/reforçada por falta de reconhecimento ou clareza nos feedbacks,
- Ausência de transparência nas políticas e processos,
- Faltar um propósito e valores claros sobre os quais devem se pautar o trabalho e as relações profissionais.
Você se reconhece em algum dos itens acima? Ampliar a percepção de si e do cenário à sua volta é o primeiro passo para detectar os obstáculos para um crescimento sustentável das pessoas e das organizações.
Mas qual o papel da liderança diante deste cenário?
Liderar não é o mesmo que chefiar. A liderança deveria ser um fenômeno em que os colaboradores a seguem porque:
– Admiram seu propósito,
– Identificam-se com seus anseios e necessidades,
– Acreditam que ela luta pela integridade e interesse de todos os membros da equipe.
No entanto, é preciso treinar os profissionais que ocupam cargos de liderança. Só assim eles poderão, de verdade, representar suas equipes e orientá-las para que reconheçam seus limites e vejam significado no trabalho.
Está nas mãos da alta e média liderança, portanto, encontrar uma solução para a sobrecarga, ao invés de repassá-la às equipes. Para isso, o líder precisa estar em processo de constante aprendizado. É necessário que ele desenvolva suas habilidades comportamentais. É fundamental que ele adquira ferramentas para construir um time coeso e alinhado a um mesmo propósito.
Você tem clareza de quais são as habilidades para que líderes possam evitar o burnout? O que eles precisam desenvolver para criar um ambiente de trabalho onde a performance é sustentável?
Na prática, como líderes podem evitar o burnout
Quando a empresa investe no desenvolvimento de sua liderança, ocorre um efeito cascata, em que os líderes:
- tornam-se mais aptos a gerir seu estresse,
- têm mais clareza para tomar decisões e,
- têm mais confiança para expor sua vulnerabilidade.
- por consequência, tendem a criar um ambiente em que os outros membros da equipe absorvem este aprendizado através do exemplo.
Além disso, um líder que reconhece o valor de cada integrante do time para a prosperidade do negócio, é capaz de respeitar o ritmo de cada um. Essa liderança poderá compartilhar experiências para agilizar processos quando necessário e prover um interesse mútuo entre as pessoas. Assim, é possível estabelecer uma cadência de trabalho que seja sustentável e empolgante.
Então, que ações o líder pode aplicar para promover uma cultura que contribua para o bem-estar e crescimento de todos?
Perceber e saber ouvir
Estar atento aos sinais das pessoas e das relações da equipe é fundamental. Assim é possível perceber quando o ritmo imposto de trabalho está extrapolando os limites dos envolvidos, ou de alguns deles.
É preciso estar presente e focado nas pessoas, observá-las, e criar espaços para ouvi-las. Muitas vezes, um pequeno ajuste pode ser o que a equipe precisa para estar mais motivada e produzir com agilidade, colaboração e satisfação.
Às vezes, o líder precisa aprender a dar ouvidos aos seus próprios anseios e necessidades primeiro. E, depois, fazer isso com a equipe. Por isso, a autopercepção ou autoconsciência tem sido uma habilidade tão falada e tão essencial para prosperar no cenário atual.
Compartilhar e alinhar propósito, visão e valores
É comum que o líder tenha uma clareza incrível do que ele quer realizar, do que é prioritário para o negócio, e de como quer alcançar esses objetivos. No entanto, ele pode ter dificuldades em ser claro ao se comunicar com sua equipe. E, muitas vezes, isso é apenas porque ele não sabe como a equipe se sente ou pensa em relação ao que ele idealizou. Ou seja, ele não entende como ela vai receber a informação.
Por isso, criar oportunidades para conversar com as pessoas da equipe fará toda a diferença. A ideia é desenvolver uma comunicação mais empática, detectando:
- o que mais valorizam,
- quais são suas necessidades,
- sonhos e expectativas.
À medida que o líder se mostra interessado em ouvir, a equipe tende a ser recíproca. Os liderados ficam mais pré-dispostos a ouvir e compreender as propostas do líder.
Susanne Anjos de Andrade, autora do best-seller “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”, declarou para a Forbes Brasil que os gestores devem fazer uma mudança comportamental profunda, e alimentar uma relação de confiança com o time, para conseguir se colocar no lugar de cada um.
“Ele deve sair da posição de comando e controle, de super herói, daquele ‘que sabe de tudo’, para assumir um posto de liderança servidora. Seu foco passa a ser o servir, no sentido de desenvolver a equipe a partir do ponto de vista da própria equipe, do olhar, da mentalidade, colocando-se no lugar das pessoas”, explica.
A partir desta oportunidade de ouvir as pessoas, é possível alinhar os valores e propósitos da empresa e dos colaboradores. Com isso, cada um tende a se sentir realmente parte do grupo e realizados com o trabalho.
Segundo estudo do Professor Van Dick, a percepção de pertencimento a um coletivo é benéfica para a saúde e bem-estar.
Definir prazos em conjunto
Se a cultura da empresa é baseada no medo e na punição, o líder vai aceitar qualquer prazo que seu superior lhe imponha. E, por consequência, vai repassar as urgências para a equipe, sem questionar.
No entanto, o papel da liderança é justamente conduzir pessoas e negócios a um sucesso sustentável, e não temporário. Para isso é preciso desenvolver o que Peter Senge chamou de pensamento sistêmico.
Sob esta perspectiva, o líder compreende que esgotar seus recursos, especialmente os humanos, para atender um prazo muito curto e atender uma urgência cria um péssimo ciclo vicioso. Ao alimentá-lo, o time vai perdendo performance e motivação, impactando negativamente os resultados futuros.
Por isso, definir prazos em conjunto é a maneira mais inteligente de manter constância no alcance dos resultados e crescer de forma sustentável.
Vencer o excesso de disponibilidade
É comum que líderes que aceitem ser cobrados e respondam mensagens e chamados em qualquer horário, esperem isso de seus liderados também. Com este comportamento e expectativa, cria-se uma cultura de disponibilidade 24 horas, sem intervalos ou mesmo respeito ao horário de refeições e sono.
Uma boa alimentação e qualidade do sono são dois dos fatores fundamentais para prevenir estresse, diversos problemas de saúde, incluindo o burnout. O pesquisador do sono, Matt Walker, deixa claro em seu TED o quanto a privação de sono pode ser prejudicial à saúde.
Para que este excesso possa ser vencido, primeiro o líder precisa experimentar ter intervalos para recuperação e descanso. Só quando ele puder vivenciar o quão relevantes e estratégicas essas pausas podem ser é que vai incentivar que seus times façam o mesmo.
Tirar um cochilo, sair para caminhar, sentar ao sol e fazer respirações mais profundas, meditar, entre outras atividades, podem ser fundamentais para revitalizar o corpo e trazer clareza para uma mente turbulenta pelo volume de informações e demandas no trabalho.
O que apresentamos aqui são algumas ferramentas para que os líderes estejam mais aptos a lidar com o desafio do burnout. Investir no desenvolvimento consistente das lideranças atuais e na formação de novos líderes será fundamental no processo de prevenção do burnout e na manutenção de uma performance que gere prosperidade e senso de propósito nos negócios.
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