Você passa mais de 8 horas trabalhando, mas, no fim do dia, sente que não fez o suficiente? Tem a sensação de correria, de não ter tido um momento de tranquilidade, mas não produziu nada relevante ou não criou nada novo? Se você disse “sim” a alguma das perguntas acima, é provável que faça parte do time dos busyaholics. O busyaholic não só trabalha o tempo todo, mas sente necessidade de estar ocupado o tempo todo. Por esta razão, não dedica tempo ao ócio, tão relevante para a criatividade e performance.
Busyaholic e pouco produtivo ou criativo?
Segundo Zander Netthercut, autor do artigo “We’re optimizing ourselves to death” (“Estamos nos otimizando para a morte”), muitos de nós, e especialmente os millenials, ficamos aterrorizados pelo “não fazer”.
Somos preenchidos pela sensação de F.o.M.O (Fear of missing out), ou seja, o medo de não conseguir acompanhar todas as novidades e atualizações. E esta sensação nos faz ficar conectados nas redes sociais, notícias etc., nos mantendo ocupados, embora nem sempre produtivos.
Aprendemos a ter medo de deixar de ser busyaholic, de parar de nos ocupar, com a sensação de que ficaremos para trás, perderemos relevância, dinheiro ou espaço no mercado. No entanto, sua produtividade e criatividade não são proporcionais ao número de horas que você está ocupado.
A produtividade está diretamente relacionada aos resultados que você gera ao realizar suas tarefas ou tomar decisões, e ao quanto esses resultados estão alinhados com suas expectativas e as da empresa onde trabalha.
E sua criatividade depende de uma combinação ótima entre acessar diferentes conhecimentos, ter uma especialidade, e dar espaço para novas conexões, combinações entre esses conhecimentos diversos e específicos.
Como usar o ócio para ser criativo e deixar de ser busyaholic?
No cenário atual, criatividade e inovação são mentalidades mandatórias para sobreviver e prosperar. Mas, para nos adaptarmos de maneira criativa, de vez em quando, precisamos desocupar nossa mente. O ócio não tem o propósito de descanso, lazer ou aprendizado. O ócio é o espaço que você cria entre essas atividades, sem um propósito específico.
Você pode caminhar sem mexer no celular ou conversar, apenas curtindo o caminho. Você pode se sentar no seu sofá sem ligar a TV ou rolar o feed no celular. Pode olhar para o céu, apenas para apreciar, sem uma utilidade.
As conexões novas, que vão viabilizar pensamentos criativos e uma visão inovadora de coisas e processos, serão ativadas, se você parar de ocupar seu cérebro com as mesmas conexões, com as mesmas atividades.
Para criar ócio, comece a sair do modo multitarefa
Abrir diversas abas no browser da internet, ficar olhando o whats app ou redes sociais durante uma reunião de trabalho, começar diversas tarefas, interrompendo as demais o dia todo, são alguns hábitos que alguns profissionais cultivem, com a crença de que estão sendo multitarefas produtivos e eficientes.
No entanto, se pudéssemos mensurar a quantidade de tarefas inacabadas e o nível de distração da mente quando mantemos esses hábitos, logo decidiríamos fazer uma tarefa de cada vez.
Abaixo, seguem algumas sugestões de como treinar um comportamento mais focado e, começar a se tornar mais pré-disposto ao ócio:
- Converse com colega ou membro de equipe, 100% dedicado a ouvir o que a pessoa lhe diz, inclusive percebendo suas expressões e outros detalhes da comunicação não-verbal,
- Deixe abertas apenas as abas do browser que estejam relacionadas a uma tarefa que tenha que realizar no trabalho,
- Saia para caminhar e só caminhe, sem olhar o celular, de preferência sem conversar com outra pessoa.
Avalie ao longo dos dias ou semanas, suas percepções durante o exercício e anote o que for relevante.
Quando entendemos que os momentos de descanso recuperam nossa energia para produzir mais, e o tempo de ócio recarrega nossa capacidade criativa, damos o primeiro passo para sair do modo busyaholic e inovar.
Se você der tempo ao ócio, poderá se beneficiar, durante o expediente de trabalho, de uma mente muito mais aberta a enxergar novas possibilidades, disrupções para o seu modo de trabalhar e para o produto ou serviço com o qual trabalha.
E aí? Conseguiu identificar um comportamento que faz você ou um membro da sua equipe mais distraído, improdutivo ou pouco criativo?
O que você pode fazer hoje para mudar este comportamento busyaholic e inovar?